
- Ironia?! - perguntamo-nos em uníssuno.
É verdade que, há uns tempos, as minhas reflexões e partilhas não focam Dume.
- Deixaste de "ser" dumiense?
- Jamais poderei deixar de o ser. É o espaço e o povo que me viu nascer, que ouviu as minhas primeiras palavras e me animou a dar os primeiros passos, onde fiz muitas marotices... São muitas as gratificações por mim aqui experienciadas!
- Esse teu amor pela terra será reconhecido pelos teus conterrâneos?
- Por alguns, será.
- Terra abençoada! Eu diria amaldiçoada, pois aqui reina o preconceito, o medo, a inveja, a hipocrisia... não apenas nas pessoas mas também nas instituições.
Fiquei em silêncio. Reflectia: "É verdade que também tenho experiências nada gratificantes". Mas conclui:
- Em Dume existem pessoas que são uma inspiração... Não pela sua perfeição, mas pela sua humildade, simplicidade, verdade, amizade... Estes homens e mulheres são Dume, são a tal "terra ou gente abençoada" que podem inovar e qualificar os seus mais variados recursos.
Meu amigo, passando-me a mão pelas costas, concluiu:
- Quanta ingenuidade, meu caro!
Fiquei na companhia do silêncio. Mais palavras para quê?