terça-feira, 1 de outubro de 2013

A Beleza do Idoso

O texto com o título acima, é de Alberto Magalhães.

(Fui contactado para o publicar no meu boletim Terra Nossa de Cada Dia, mas como esta iniciativa de reflexão e partilha teve o seu ocaso no verão de 2012, propus que o mesmo fosse divulgado neste meu blogue mais geral, igualmente disponível para a Terra Nossa de Cada Dia, Dume, no sentido restrito e o Planeta Terra e os seus moradores, num sentido mais amplo).

Focando o idoso, Alberto Magalhães, após pesquisa e seleção de informações, cria uma reflexão que partilha, neste Dia Internacional do Idoso: 1 de outubro.

A nossa atenção pois, para o texto que a seguir se disponibiliza:


A BELEZA DO IDOSO


Da complexa diferenciação dos sinais de vida, há mais de dois milhões de anos surge o humano, uma espécie a cumprir desígnios etários de Infância, Juventude, Laboral e Idoso a partir dos 65 anos de vida. Sem desprimor pelas demais, afloramos um pouco da beleza do Idoso.

Nomadismo, sedentarismo, cavernas, intempéries, calamidades, doença e obra são marcas no percurso. É-lhe impossível alterar a Natureza ou interromper o tempo. É elemento da Natureza e base da família humana – progressos e culturas difíceis de reduzir a um sistema ou síntese.

O Idoso Pitecantropo, de Java e de Pequim, conheceu o fogo 600.000 a.C. e o Swanscombe, de Londres, utiliza-o 300.000 a.C. O Chinês, “gravou 11 caracteres na casca de uma tartaruga” 6.600 a. C.; o Egípcio inventou a escrita hieroglífica 3.500 a.C. O Fenício, inventou a escrita fonética 3.200 a.C. e em 1.500 a.C. o alfabeto, onde o Grego introduziu as vogais 900 a.C. O Árabe inventou os algarismos 2.700 a.C.

O Idoso conheceu um mundo vazio. Evoluiu. Suas principais ocupações eram a criação e pastoreio de animais e a agricultura. Marcantes eram artes da cerâmica e da pedra. O carro de bois, arado, enxada, alvião, machado e foice para os trabalhos de campo. Na cozinha o forno (aquecido a lenha), lareira, masseira, cântaro de barro, pote e a caçarola de ferro. Para iluminação a “lamparina” – um frasco contendo petróleo ou azeite com torcida de trapo. Vessadas, desfolhadas, espadeladas, feiras e romarias eram seus espaços de alegria. Ter uma arte era prestígio.


Assimilou a dignidade da palavra, da honra, do respeito, da solidariedade – a nobre virtude do exercício do fator mais puro da natureza humana. Difícil é, agora, acreditar num mundo sem energia elétrica, sem TV, telemóvel, Internet, computador, transportes, discotecas, mochilas às costas, férias. Venceu um mundo em que, segundo os padrões de hoje, nada havia.


Caminhou, desenvolveu novas tecnologias. Elegeu avanços na medicina e melhoria na qualidade de vida como principais razões para elevar expectativas, substituir vetustos hábitos, mitos e crenças e obrigar as sociedades a criar infraestruturas de âmbitos geriátricos e na afirmação da pessoa – a busca de um envelhecimento bem-sucedido e assistido no halo da ética e dignidade.


Sensato, de magra beleza e afável, recorda escola, progressos e feitos, alguns já desaparecidos – maravilhas únicas e irrepetíveis, a certeza é que muita história se perdeu.

O idoso é um vulto de sabedoria acumulada e quão nobre e seguro é seu conselho. Frequentes plêiades visam aplicações célebres e consistentes saberes em que a idade e a experiência pesam no crédito e aceitação. É fonte fidedigna para que decisões dos mais jovens possam ter bom nível de acerto. A sabedoria só tem utilidade se for transmitida e aplicada.

Encara a justiça como um bem que acompanha a humanidade ao longo das vias da história e como linhagem de ato recíproco que constitui a lei da vida do povo a inspirar elevação e rigor. Como a revelação da vocação da pessoa humana para mútua igualdade. Os direitos/deveres são garantidos por leis e cabe a cada um de nós também contribuir incentivando-os e apoiando-os sem qualquer reserva ou distinção – um mundo melhor onde a vida humana seja respeitada.

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e consciência, e devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade” (Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Se a cada um de nós são exigidos mecanismos de implementação e sustentabilidade social, ao Estado impõe-se respostas estruturais atentas aos sectores mais sensíveis e resolver exigências, não só nas crises pontuais como acompanhar o crescente ritmo de envelhecimento e fragilidades da população e avaliar a dimensão não só hoje como previsões para médio e longo prazo.
O Código Justiniano, que regulamentou a legislação do Império Bizantino, no ano de 534, faz referência aos abrigos para idosos. No ocidente, o primeiro gerontocómio foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua própria casa em hospital para idosos, em Roma. Em Portugal, em 1974, havia registo de 154 lares não lucrativos e 39 lucrativos. Em 01/10/2008, uma lista da Rede de Apoio Social aos Idosos, refere 1.885 centros de dia; 1.528 lares de Idosos e 2.261 apoios domiciliários.

Dos Idosos Lúcio Caio Otílio e Cálcia Lúcia, em 120, em Braga, nasceram nove filhas gémeas, “Virgens e Mártires” – Santa Quitéria, santa Eufémia, Santa Marinha, santa Liberata, Santa Genebra, Santa Germana, Santa Basilissa, Santa Vitória, e Santa Marciana. Em 1706, registou na “Villa de Pica de Regalados”, o falecimento de um homem de alcunha “o Ovelheiro”, com mais de 120 anos e “era de boa disposição”.

Caravelas marítimas, no século XIV. O francês Denis Papin, em 1679, inventou engenho a vapor – a Marmita de Papin. O Escocês James Watt, em 1776 instalou, a primeira Máquina a Vapor. Em 1852, o francês Henri Giffard voou 24 km numa aeronave com motor a vapor; em 1922 os portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico, de Lisboa ao Rio de Janeiro.

O Idoso deixa feitos de soberba admiração. O italiano Galileu, em 1610, descobriu que o Sol é o centro do Universo, que roda em torno de si próprio e que a Terra e outros planetas orbitam em seu redor.

O Idoso alemão Johannes Kepler, afirmou: “Temos de construir uma nave que sulque o imenso oceano do Universo”. E, em 1961 o americano John Kennedy, anunciou: “Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis mas porque elas são difíceis”.

Lançou uma nave espacial em 16/07/1969, que no dia 19 tornou-se satélite da Lua, dia 20 alunou, no dia 21 os astronautas saíram e circularam na superfície lunar e regressaram à Terra no dia 24, após 12d, 7h e 12min, do lançamento.

Lançou uma sonda espacial em 20/08/1977, que fotografou um vulcão em erupção numa das luas de Júpiter em 1978, aproximou-se de Júpiter a 04/03/1979, do satélite Titã em 11/11/1980 e de Saturno a 12/11/1980, cujas imagens demoraram cerca de 12h40 a chegar à Terra.

Em 14/09/2013, recebeu notícia de uma sonda lançada em 05/09/1977, que passou os limites do sistema solar e deixou maravilhado o Idoso Edward C. Stone, que exclamou “Isto é histórico. É algo semelhante à primeira exploração da Lua”. Cumpridos 36 anos no espaço, continua a enviar dados que demoram 17 horas a chegar até nós, devido aos mais de 19 mil milhões de quilómetros de distância. É o objeto criado por humanos que mais longe chegou e com capacidade para enviar informações até 2025.

O Idoso juntou as letras e os algarismos. Descobriu que a distância média da Terra ao Sol é 149.587.870,7 km, a que chamou Unidade Astronómica, e que a luz percorre 299.792.458m/s. Registou o Ano Tropical com 31.556.925,9747 segundos e em 1976 o Ano Juliano de “exatos 365,25 dias”. Fez constas e Resultou – a luz percorre 17.987.547,48 km/min; 1.079.252.848,80 km/h; 25.902.068.371,20 km/dia e 9.460.730.472.580,80 km/ano, a que chamou Ano-Luz.

Honra e glória! Até onde? Grande desafio é a imensidão do Universo. Missões tripuladas são uma realidade. Para viajantes humanos, novas tecnologias se impõem e será tarefa de cientistas mais visionários fazer recuar fronteiras e vencer espaço/tempo. Matéria-prima para construir naves, peso, dimensões, formas de propulsão, renovação de energia, tripulação e proventos, apresentam sérias limitações, “independentemente do facto de sabermos se a Humanidade conseguirá ou não viajar para as estrelas”.

Teria de ser colhida no Universo a matéria para propulsão da nave e para alimentar humanos; os tripulantes teriam de aprender as tecnologias para se revezar nas tarefas. Percorrer um espaço durante milhares de anos implicaria o nascimento e morte de várias gerações humanas. Especialistas otimistas vislumbram longos anos-luz na procura de outros sistemas que contenham planetas habitáveis.

A galáxia Andrómeda, com diâmetro 160.000 anos-luz, localiza-se a 2.900.000 anos-luz da nossa Via Láctea e esta dista do Sol 250.000 anos-luz. A galáxia anã Canis Major, dista 25.000 anos-luz do nosso sistema solar, o que ainda é abismal. Atualmente, ao humano, afigura-se-lhe impossível vencer tais distâncias.

As viagens tripuladas para o espaço extrassolar apresentam, hoje, obstáculos inultrapassáveis de ordem tecnológica, humana e logística. Quão tão ínfimos somos nós (humanos). O Idoso, no fim da sua viagem, agoura dos vindouros os mais felizes desenvolvimentos e sucessos.

Tem o bem merecido troféu – a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Dezembro de 1990, assumiu a comemoração do Dia Internacional do Idoso a 1 de Outubro.

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