O texto com o título acima, é de
Alberto Magalhães.
(Fui contactado para o publicar no meu boletim Terra Nossa de Cada Dia, mas como esta iniciativa de reflexão e partilha teve o seu ocaso no verão de 2012, propus que o mesmo fosse divulgado neste meu blogue mais geral, igualmente disponível para a Terra Nossa de Cada Dia, Dume, no sentido restrito e o Planeta Terra e os seus moradores, num sentido mais amplo).
Focando o idoso, Alberto Magalhães, após pesquisa e seleção de informações, cria uma reflexão que partilha, neste
Dia Internacional do Idoso: 1 de outubro.
A nossa atenção pois, para o texto que a seguir se disponibiliza:
A BELEZA DO IDOSO
Da complexa diferenciação
dos sinais de vida, há mais de dois milhões de anos surge o humano,
uma espécie a cumprir desígnios etários de Infância,
Juventude, Laboral e Idoso a partir dos 65 anos de vida. Sem
desprimor pelas demais, afloramos um pouco da beleza do Idoso.
Nomadismo, sedentarismo,
cavernas, intempéries, calamidades, doença e obra são marcas no
percurso. É-lhe impossível alterar a Natureza ou interromper o
tempo. É elemento da Natureza e base da família humana –
progressos
e culturas difíceis de reduzir a um sistema ou síntese.
O
Idoso Pitecantropo,
de Java e de Pequim, conheceu o fogo 600.000 a.C. e o Swanscombe,
de Londres, utiliza-o 300.000 a.C. O
Chinês,
“gravou 11 caracteres na casca de uma tartaruga” 6.600 a. C.; o
Egípcio
inventou a escrita hieroglífica 3.500 a.C. O Fenício,
inventou a escrita fonética 3.200 a.C. e em 1.500 a.C. o alfabeto,
onde o Grego
introduziu as vogais 900 a.C. O
Árabe
inventou os algarismos 2.700 a.C.
O Idoso conheceu um mundo
vazio. Evoluiu. Suas principais ocupações eram a criação e
pastoreio de animais e a agricultura. Marcantes eram artes da
cerâmica e da pedra. O
carro de bois, arado, enxada, alvião, machado e foice para os
trabalhos de campo. Na cozinha o forno (aquecido a lenha), lareira,
masseira, cântaro de barro, pote e a caçarola de ferro. Para
iluminação a “lamparina” – um frasco contendo petróleo ou
azeite com torcida de trapo. Vessadas, desfolhadas, espadeladas,
feiras e romarias eram seus espaços de alegria. Ter uma arte
era prestígio.
Assimilou a dignidade
da palavra, da honra, do respeito, da solidariedade – a nobre
virtude do exercício do fator mais puro da natureza humana. Difícil
é, agora, acreditar num mundo sem energia elétrica, sem TV,
telemóvel, Internet, computador, transportes, discotecas, mochilas
às costas, férias.
Venceu um
mundo em que, segundo os padrões de hoje, nada havia.
Caminhou, desenvolveu novas tecnologias. Elegeu
avanços na
medicina e melhoria na qualidade de vida como principais razões para
elevar expectativas, substituir vetustos hábitos, mitos e crenças e
obrigar as sociedades a criar infraestruturas de âmbitos geriátricos
e na afirmação da pessoa – a busca de um envelhecimento
bem-sucedido e assistido no halo da ética e dignidade.
Sensato, de magra beleza
e afável, recorda escola, progressos e feitos, alguns já
desaparecidos – maravilhas únicas e irrepetíveis, a certeza é
que muita história se perdeu.
O idoso é um vulto de
sabedoria acumulada e quão nobre e seguro é seu conselho.
Frequentes plêiades visam aplicações célebres e consistentes
saberes em que a idade e a experiência pesam no crédito e
aceitação. É fonte fidedigna para que decisões dos mais jovens
possam ter bom nível de acerto. A sabedoria só tem utilidade se for
transmitida e aplicada.
Encara a justiça como um
bem que acompanha a humanidade ao longo das vias da história e como
linhagem de ato recíproco que constitui a lei da vida do povo a
inspirar elevação e rigor. Como a revelação da vocação da
pessoa humana para mútua igualdade. Os direitos/deveres são
garantidos por leis e cabe a cada um de nós também contribuir
incentivando-os e apoiando-os sem qualquer reserva ou distinção –
um mundo melhor onde a vida humana seja respeitada.
“Todos os seres humanos
nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão
e consciência, e devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade” (Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos
Humanos).
Se a cada um de nós são
exigidos mecanismos de implementação e sustentabilidade social, ao
Estado impõe-se respostas estruturais atentas aos sectores mais
sensíveis e resolver exigências, não só nas crises pontuais como
acompanhar o crescente ritmo de envelhecimento e fragilidades da
população e avaliar a dimensão não só hoje como previsões para
médio e longo prazo.
O
Código Justiniano, que regulamentou a legislação do Império
Bizantino, no ano de 534, faz referência aos abrigos para idosos. No
ocidente, o primeiro gerontocómio foi fundado pelo Papa Pelágio II
(520-590), que transformou a sua própria casa em hospital para
idosos, em Roma. Em Portugal, em 1974, havia registo de 154 lares não
lucrativos e 39 lucrativos. Em 01/10/2008, uma lista da Rede de Apoio
Social aos Idosos, refere 1.885 centros de dia; 1.528 lares de Idosos
e 2.261 apoios domiciliários.
Dos
Idosos Lúcio
Caio Otílio
e Cálcia
Lúcia,
em 120, em Braga, nasceram nove filhas gémeas, “Virgens e
Mártires” – Santa Quitéria, santa Eufémia, Santa Marinha,
santa Liberata, Santa Genebra, Santa Germana, Santa Basilissa, Santa
Vitória, e Santa Marciana. Em 1706, registou na “Villa de
Pica de
Regalados”, o falecimento de um homem de alcunha “o Ovelheiro”,
com mais de 120 anos e “era de boa disposição”.
Caravelas
marítimas, no século XIV. O francês
Denis
Papin,
em 1679, inventou engenho a vapor – a Marmita de Papin. O Escocês
James Watt,
em 1776
instalou,
a primeira Máquina a Vapor. Em 1852, o
francês Henri Giffard voou
24 km numa aeronave com motor a vapor; em 1922 os portugueses Gago
Coutinho
e Sacadura
Cabral
fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico, de Lisboa ao Rio
de Janeiro.
O Idoso deixa feitos de
soberba admiração. O italiano Galileu, em 1610, descobriu
que o Sol é o centro do Universo, que roda em torno de si próprio
e que a Terra e outros planetas orbitam em seu redor.
O Idoso alemão
Johannes
Kepler, afirmou:
“Temos de construir uma nave que
sulque o imenso oceano do Universo”. E, em 1961 o americano
John Kennedy, anunciou:
“Nós decidimos ir à Lua nesta
década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis mas
porque elas são difíceis”.
Lançou uma nave espacial
em 16/07/1969, que no dia 19 tornou-se satélite da Lua, dia 20
alunou, no dia 21 os astronautas saíram e circularam na superfície
lunar e regressaram à Terra no dia 24, após 12d, 7h e 12min, do
lançamento.
Lançou uma sonda
espacial em 20/08/1977, que fotografou um vulcão em erupção numa
das luas de Júpiter em 1978, aproximou-se de Júpiter a 04/03/1979,
do satélite Titã em 11/11/1980 e de Saturno a 12/11/1980, cujas
imagens demoraram cerca de 12h40 a chegar à Terra.
Em 14/09/2013, recebeu
notícia de uma sonda lançada em 05/09/1977, que passou os limites
do sistema solar e deixou maravilhado o Idoso Edward C. Stone,
que exclamou “Isto é histórico. É algo semelhante à primeira
exploração da Lua”. Cumpridos 36 anos no espaço, continua a
enviar dados que demoram 17 horas a chegar até nós, devido aos mais
de 19 mil milhões de quilómetros de distância. É o objeto criado
por humanos que mais longe chegou e com capacidade para enviar
informações até 2025.
O Idoso juntou as letras
e os algarismos. Descobriu que a distância média da Terra ao Sol é
149.587.870,7 km, a que chamou Unidade Astronómica, e que a luz
percorre 299.792.458m/s. Registou o Ano Tropical com 31.556.925,9747
segundos e em 1976 o Ano Juliano de “exatos 365,25 dias”. Fez
constas e Resultou – a luz percorre 17.987.547,48 km/min;
1.079.252.848,80 km/h; 25.902.068.371,20 km/dia e
9.460.730.472.580,80 km/ano, a que chamou Ano-Luz.
Honra e glória! Até
onde?
Grande desafio é a imensidão do Universo. Missões
tripuladas são uma realidade. Para viajantes humanos, novas
tecnologias se impõem e será tarefa de cientistas mais visionários
fazer recuar fronteiras e vencer espaço/tempo. Matéria-prima para
construir naves, peso, dimensões, formas de propulsão, renovação
de energia, tripulação e proventos, apresentam sérias limitações,
“independentemente do facto de sabermos se a Humanidade conseguirá
ou não viajar para as estrelas”.
Teria de ser colhida no
Universo a matéria para propulsão da nave e para alimentar humanos;
os tripulantes teriam de aprender as tecnologias para se revezar nas
tarefas. Percorrer um espaço durante milhares de anos implicaria o
nascimento e morte de várias gerações humanas. Especialistas
otimistas vislumbram longos anos-luz na procura de outros sistemas
que contenham planetas habitáveis.
A galáxia Andrómeda,
com diâmetro 160.000 anos-luz, localiza-se a 2.900.000 anos-luz da
nossa Via Láctea e esta dista do Sol 250.000 anos-luz. A
galáxia anã Canis Major, dista 25.000 anos-luz do nosso
sistema solar, o que ainda é abismal. Atualmente, ao humano,
afigura-se-lhe impossível vencer tais distâncias.
As viagens tripuladas
para o espaço extrassolar apresentam, hoje, obstáculos
inultrapassáveis de ordem tecnológica, humana e logística. Quão
tão ínfimos somos nós (humanos). O Idoso, no fim da sua viagem,
agoura dos vindouros os mais felizes desenvolvimentos e sucessos.
Tem o bem merecido troféu
– a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Dezembro de 1990,
assumiu a comemoração do Dia Internacional do Idoso a 1 de Outubro.